segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Capítulo 3

Outubro/ 2010
Algumas pessoas diferenciam amor e amizade. Minha distinção de ambas as palavras não costuma ser semelhante a dos demais pensantes.
Existe amizade sem amor? Desconheço. Existe amor sem amizade? Desconheço também.
Acredito que ambos os sentimentos se complementem. E é por isso que eu acredito – sim, ainda acredito – que isso poderia ter dado certo.
                Mas Joeys são sempre Joeys, não é mesmo? Apenas Joeys. Sem chance de ser a oficial. Apenas uma substituta.
                Era uma sexta, em torno de uma da tarde, quando saímos para conversar. Fomos a uma pracinha amigável e fazia bastante calor. Meu sangue fervia por dentro e por fora.
                Medo.
                Esta é a palavra que descrevia perfeitamente meus sentimentos.
                - Hey.
                - Hey.
                Eu segurava um livro que não estava lendo. Era apenas um disfarce insatisfatório. Com isso eu só queria dizer: “Vim lendo, não pensando nessa conversa”.
                Ele pegou meu livro.
                - É bom?
                - Estou no começo, mas é ótimo. – E o peguei de volta. – Está calor, vamos sentar?
                Sentamos. Um do lado do outro. Eu apertava meu pobre livro e ele esticava seu braço sobre o banco, bem próximo ao meu ombro.
                Duas horas.
                Levou DUAS horas para a conversa fatídica ter início. Durante essas DUAS horas nos abraçamos. Conversamos coisas variadas. Recebi todo o seu carinho. Afeto. Amor?
                - Que olhar é esse? – Ele me perguntou.
                - Fico feliz por você. É orgulho. – Eu disse. Ele estava contando sobre as mudanças positivas que estava pensando em fazer.
                - Você seria capaz de ficar feliz mesmo que minhas decisões não sejam necessariamente satisfatórias para você?
                Eu senti toda a cautela para formulação dessa pergunta.
                Eu sorri.
                - Sim. – Respondi.
                - Porque eu acho que não devemos continuar fazendo isso.
                - Posso perguntar por quê?
                - Porque eu gosto mais de você do que de ficar com você.
                - Isso deveria fazer algum sentido para mim?
                - O que eu quero dizer é que eu gosto de você, gosto de ficar com você e estaria mentindo se dissesse que não quero ficar com você nesse minuto. Mas, por gostar mais de você do que de ficar com você, acho que devemos parar por aqui.
                - Eu não entendo.
                - Por quê?
                - Porque no meu mundo, quando duas pessoas querem ficar uma com a outra, elas simplesmente ficam.
                - No meu, não.
                - Percebi.
                Ele me abraçou.
                - Esse foi o fora mais sem coerência que eu já levei.
                Ele não pronunciou uma palavra.
                ...
                Doeu. Doeu muito quando ele disse que precisava ir e eu deixei.
                Ele foi.
                Eu chorei três lágrimas e disse para ele voltar. Ele voltou. Eu queria gritar, chorar, xingá-lo de todos os nomes possíveis, mas me contentei em dizer palavras soltas que não faziam o menor sentido.
                - Joey, eu não sou a melhor pessoa no momento para consolar você.
                - Eu sei. Queria que Andrew estivesse aqui. – Não agüentei. Chorei compulsivamente por três minutos e parei.
                - Eu não sou o Andrew.
                - Eu sei, essa é a pior parte!
                A gente se abraçou. Eu fiquei em silêncio, em seus braços enquanto o sentia olhar para outra direção, para cima. Pro céu.
                - Divide seus pensamentos.
                - As pessoas dão valor demais as coisas pequenas e o universo é muito grande.
                Ri. Sério mesmo que ele me dá um fora, eu fico triste e ele pensa no universo? Voltei ao meu silêncio por alguns instantes.
                - Você é uma boa pessoa, ok? – Foi o que eu disse. Ele me afastou e me olhou com aquela expressão de quem não entende. – Você sempre fala de mudar, de melhorar, mas não se dá conta do quanto você já é bom. Se concentra nos problemas periféricos e não percebe que o que te falta é auto-estima.
                - É uma boa observação para ser feita a meu respeito.
                - Você sente vontade de ser outra pessoa?
                - Sim.
                - Se eu pudesse ser outro alguém, eu gostaria de ser você.
                Ele sorriu. Me abraçou.
                - É admirável você me dizer isso.
               
                E nos fomos embora. Até o ponto de ônibus, onde eu passaria meus momentos depressivos sozinha.
                Foi quando aconteceu. Aconteceu a coisa completamente incoerente, sem noção e mais estúpida de minha vida. Ele me puxou para perto, perto demais! Me puxou pela cintura. Eu envolvi seu pescoço com meus braços. Nos olhamos como quem flertava.
                E mais nada. Nada!
                Eu gostaria de ter feito alguma coisa naquele momento. Gostaria de ter dado um beijo de adeus, pelo menos. Ou de ter dito algo como: “Você me deu um fora, não pode me puxar pela cintura agora!”
                Mas, não. Eu deixei. O momento se foi. Se perdeu. Até quando, eu não sei. 

3 comentários:

  1. Oii
    to adorando a história ^^
    posta mais

    ResponderExcluir
  2. Nossa. Essa história é muito forte :) Eu consigo sentir cada palavra...

    ResponderExcluir
  3. Oi! Achei que esse é o melhor capítulo da história, até agora.^^ Posta mais. haha

    ResponderExcluir