Outubro/ 2010
Algumas pessoas diferenciam amor e amizade. Minha distinção de ambas as palavras não costuma ser semelhante a dos demais pensantes.
Existe amizade sem amor? Desconheço. Existe amor sem amizade? Desconheço também.
Acredito que ambos os sentimentos se complementem. E é por isso que eu acredito – sim, ainda acredito – que isso poderia ter dado certo.
Mas Joeys são sempre Joeys, não é mesmo? Apenas Joeys. Sem chance de ser a oficial. Apenas uma substituta.
Era uma sexta, em torno de uma da tarde, quando saímos para conversar. Fomos a uma pracinha amigável e fazia bastante calor. Meu sangue fervia por dentro e por fora.
Medo.
Esta é a palavra que descrevia perfeitamente meus sentimentos.
- Hey.
- Hey.
Eu segurava um livro que não estava lendo. Era apenas um disfarce insatisfatório. Com isso eu só queria dizer: “Vim lendo, não pensando nessa conversa”.
Ele pegou meu livro.
- É bom?
- Estou no começo, mas é ótimo. – E o peguei de volta. – Está calor, vamos sentar?
Sentamos. Um do lado do outro. Eu apertava meu pobre livro e ele esticava seu braço sobre o banco, bem próximo ao meu ombro.
Duas horas.
Levou DUAS horas para a conversa fatídica ter início. Durante essas DUAS horas nos abraçamos. Conversamos coisas variadas. Recebi todo o seu carinho. Afeto. Amor?
- Que olhar é esse? – Ele me perguntou.
- Fico feliz por você. É orgulho. – Eu disse. Ele estava contando sobre as mudanças positivas que estava pensando em fazer.
- Você seria capaz de ficar feliz mesmo que minhas decisões não sejam necessariamente satisfatórias para você?
Eu senti toda a cautela para formulação dessa pergunta.
Eu sorri.
- Sim. – Respondi.
- Porque eu acho que não devemos continuar fazendo isso.
- Posso perguntar por quê?
- Porque eu gosto mais de você do que de ficar com você.
- Isso deveria fazer algum sentido para mim?
- O que eu quero dizer é que eu gosto de você, gosto de ficar com você e estaria mentindo se dissesse que não quero ficar com você nesse minuto. Mas, por gostar mais de você do que de ficar com você, acho que devemos parar por aqui.
- Eu não entendo.
- Por quê?
- Porque no meu mundo, quando duas pessoas querem ficar uma com a outra, elas simplesmente ficam.
- No meu, não.
- Percebi.
Ele me abraçou.
- Esse foi o fora mais sem coerência que eu já levei.
Ele não pronunciou uma palavra.
...
Doeu. Doeu muito quando ele disse que precisava ir e eu deixei.
Ele foi.
Eu chorei três lágrimas e disse para ele voltar. Ele voltou. Eu queria gritar, chorar, xingá-lo de todos os nomes possíveis, mas me contentei em dizer palavras soltas que não faziam o menor sentido.
- Joey, eu não sou a melhor pessoa no momento para consolar você.
- Eu sei. Queria que Andrew estivesse aqui. – Não agüentei. Chorei compulsivamente por três minutos e parei.
- Eu não sou o Andrew.
- Eu sei, essa é a pior parte!
A gente se abraçou. Eu fiquei em silêncio, em seus braços enquanto o sentia olhar para outra direção, para cima. Pro céu.
- Divide seus pensamentos.
- As pessoas dão valor demais as coisas pequenas e o universo é muito grande.
Ri. Sério mesmo que ele me dá um fora, eu fico triste e ele pensa no universo? Voltei ao meu silêncio por alguns instantes.
- Você é uma boa pessoa, ok? – Foi o que eu disse. Ele me afastou e me olhou com aquela expressão de quem não entende. – Você sempre fala de mudar, de melhorar, mas não se dá conta do quanto você já é bom. Se concentra nos problemas periféricos e não percebe que o que te falta é auto-estima.
- É uma boa observação para ser feita a meu respeito.
- Você sente vontade de ser outra pessoa?
- Sim.
- Se eu pudesse ser outro alguém, eu gostaria de ser você.
Ele sorriu. Me abraçou.
- É admirável você me dizer isso.
E nos fomos embora. Até o ponto de ônibus, onde eu passaria meus momentos depressivos sozinha.
Foi quando aconteceu. Aconteceu a coisa completamente incoerente, sem noção e mais estúpida de minha vida. Ele me puxou para perto, perto demais! Me puxou pela cintura. Eu envolvi seu pescoço com meus braços. Nos olhamos como quem flertava.
E mais nada. Nada!
Eu gostaria de ter feito alguma coisa naquele momento. Gostaria de ter dado um beijo de adeus, pelo menos. Ou de ter dito algo como: “Você me deu um fora, não pode me puxar pela cintura agora!”
Mas, não. Eu deixei. O momento se foi. Se perdeu. Até quando, eu não sei.
Oii
ResponderExcluirto adorando a história ^^
posta mais
Nossa. Essa história é muito forte :) Eu consigo sentir cada palavra...
ResponderExcluirOi! Achei que esse é o melhor capítulo da história, até agora.^^ Posta mais. haha
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