sexta-feira, 12 de novembro de 2010

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E o que fazer quando a saudade aperta e as lembranças parecem estar ficando cada vez menos frescas em sua memória?
Eu tenho uma resposta, amigos. Mas não sei se é boa.
Nós contamos a história. Porque só assim, poderemos vivê-las novamente.
Não se pode mudar o passado e talvez o futuro seja destino. Talvez já tenha sido escrito ou talvez, não. Talvez valha a pena acreditar que o final pode ser feliz e da maneira que nós queremos que seja. Ou talvez isso seja apenas uma inútil forma de alimentar o que já não existe mais.

Estamos no dia em que ele disse que ia embora.
Aqui já não era mais um lugar agradável, segundo o dito cujo. E minha atitude não foi previsível. Em momentos melhores eu teria dito que ele devia ir. "Se mude, encontre seu lugar, seja feliz e me mande cartas."
Acontece que o que eu fiz foi um pouquinho desprezível. Eu chorei. Chorei até minhas lágrimas secarem e o obriguei vir a minha casa. 
Ele veio.

Eu estava no corredor, próximo ao quarto, quando o vi se aproximando. Meus olhos estavam vermelhos de pranto e me segurei para não chorar ali mesmo. Ele acenou como quem lia meus pensamentos.
Eu forcei um sorriso falso.
Entramos no quarto e teoricamente deveríamos conversar sobre o assunto, mas eu tentei escapar. Conclusão: não consegui. Ele sentou em minha cama e eu, apenas próxima, fui terrivelmente puxada para perto dele. O abracei forte e segurei minhas lágrimas ao máximo que pude. E ele, doce, apenas me acarinhou.
Neste dia não conversamos. Assumo total responsabilidade, pois sempre que ele começava a falar e tentar me explicar suas razões, eu chorava. Mais e mais. Sinto que o traumatizei.
Resolvemos esse pequeno inconveniente com beijos. Amassos. E uma enorme tensão sexual pairando no ar.
Só nos esquecemos de uma coisa: resolver o real problema.

E o que eu não sabia, era que o ir embora comentado, não era metafórico. Ele apenas queria se mudar. Hoje eu não sei o que ele quer, mas embora ele foi, uma metáfora. Foi embora desta vida de "chove, mas não molha".
E eu continuei nela. Vivendo de memórias.