sábado, 16 de outubro de 2010

Capítulo 1

Não se assuste com a falta de cronologia. É proposital. Eu não quero perder as lembranças frescas focando-me no verdadeiro começo.
O importante agora, no entanto, é deixar claro alguns personagens desta trama. Começando por ele e uma breve descrição de nosso perturbado relacionamento indefinido.
Nos conhecemos há seis anos e eu não vou dizer que me apaixonei, pois além do clichê barato, seria mentira. Foi numa viagem do colégio. Nunca tínhamos nos visto antes, pois éramos de turmas diferentes. Quero dizer, eu nunca tinha reparado sua presença, ele pode ter notado a minha. Acho que nunca saberemos. São relatos unilaterais para a minha infelicidade.
A aproximação se deu por minha falta de bom senso e timidez. Ele estava com alguns amigos conversando sobre música. Aliás, música é sempre um bom assunto para iniciar qualquer tipo de diálogo. Por sorte, nossos gostos eram semelhantes. Não deu para evitar puxar uma conversa.
Ele não tinha nenhum atrativo. Não mesmo. Não era bonito o suficiente, nem simpático o suficiente, nem interessante o suficiente. Mas parecia uma boa pessoa e um bom amigo. Se bem que aos 14 anos e chegando num lugar completamente novo, qualquer bípede parece um amigo em potencial.
Gostamos um do outro. Ok, talvez gostar seja um termo errado. O que descreve melhor a situação é a palavra simpatizar. Isso. Simpatizamos um com o outro.
Com o passar do tempo, descobri nele uma criatura maravilhosa e com uma inteligência invejável. Sua mente sempre foi uma incógnita para mim e para todos. Ninguém consegue entender muito bem tudo o que se passa dentro daquela cabeça, mas ele sempre pontuou que sou uma das pessoas que consegue “lê-lo” com certa habilidade. Mérito pra mim. Graças a isso que hoje levanto hipóteses e tenho alguma esperança de que estejam corretas.
                Desde este fatídico dia nos tornamos bons amigos. Depois, melhores amigos. Em seguida, brigamos. A briga ocupou pelo menos três anos de relação, tendo altos e baixos. Nos “altos” era quando costumávamos ter uma relação mais íntima. Amantes. Mas nunca passou disso. Nunca passou de alguns momentos em alguns dias, seguidos imediatamente por um “baixo” terrível repleto de discussões intermináveis e muitas vezes sem motivo. Então vieram os turbulentos dias do afastamento total, onde simplesmente não nos falávamos. Nem nos conhecíamos mais. O retorno da amizade ocorreu muito tempo depois. O problema dessa fase eram os sentimentos misturados. Sempre vivemos numa tensão sexual inexplicável e tudo veio à tona, quando nossos lábios se encontraram mais uma vez, depois de tantos anos. E desejamos isso. Com certeza desejamos. Tivemos esse deja vu de sensação por mais alguns breves dias e tudo ficou nebuloso. Indefinido. E eu continuo sem saber o que vem depois.
                A única certeza restante é que no meio de tanto drama e confusão existem sentimentos reais. Vívidos. Fortes e intensos. Pelo menos em mim. E não vão parar tão facilmente.
Este é o cara. Jack.

- Uma pausa para a realidade –

Nessa altura do jogo, acredito que já tenha sido montado um Hater Club para ele. Explico depois, mas a culpa é minha. Defino muito mal quem ele realmente é e dramatizo demais publicamente, mas nunca conto para ele a exatidão de tudo o que sinto. Confesso.

- Voltando para a nossa apresentação –

Mandy é minha melhor amiga em todo mundo. Eu estaria completamente perdida se não fosse por ela e seu inabalável bom humor. Sinceramente? Nem sempre tem os conselhos mais úteis do mundo, mas se você precisa de alguém para pôr tudo para fora, desabafar de uma vez por todas, é ela quem deve ser procurada. Exerce essa função como ninguém! E eu a amo.

Andrew é, talvez, meu segundo melhor amigo. O bom de tê-lo em sua vida é que ele é alguém que te faz crer que tudo dará certo mesmo quando ele diz:
- Fudeu. Não dá mais.
Eu não vou saber explicar o motivo disso, mas é uma sensação muito confortante. Dá um alívio. E seu abraço é o mais incrível do mundo. Gostaria de poder abraçá-lo neste momento e pedir por palavras de conforto. Qualquer palavra, vindo dele, sugere conforto. Mas ele foi embora para um intercâmbio de seis meses. Acreditem em mim, seis meses nunca pareceram tão intermináveis.

Junny é nossa amiga em comum. Minha e de Jack. Essa tenho certeza que sofre dos dois lados. Eu reclamo com ela sempre. Tudo. Fofoco mesmo! Ele eu não sei. Digo, sei. Ela me conta que as vezes Jack conta algumas coisas para ela, mas, como é politicamente correta, nunca define se é positivo, negativo ou simplesmente indiferente. Faz o mesmo comigo, não conta para ele. De vez em quando quero matá-la por isso, mas, de alguma forma, concordo com a atitude dela.

Por último, Joey. Esta sou eu. A amiga, sempre a amiga. As vezes não me sinto boa o bastante para consegui-lo. Na verdade, sei que isso tem nome: síndrome da amizade. Joeys são normais, amigáveis, divertidas, proporcionam excelentes momentos para Jacks, sejam românticos ou não. Mas, no fim, eles escolhem as loiras gostosas: as Jens. Não necessariamente loiras, nem gostosas, mas aquelas que não foram invalidadas por serem amigas.
Um conselho? Tome cuidado ao se tornar amiga. Mas preste atenção no que tenho a dizer, minha lógica é bem fundamentada. Como toda boa Joey, eu me apaixono pelo melhor amigo e em raros momentos, consigo tê-lo. Isso não é de todo mal. Se você não for se apaixonar por aquele em quem confia completamente, que estará lá por você e que com certeza não é uma espécie de maníaco sexual, por quem vamos nos apaixonar? Por um cara desconhecido que pode pisar e esmigalhar nossos frágeis corações jovens? Não vejo sentido. Talvez vocês consigam me explicar isso, mas comigo não rola.
Sempre será o melhor amigo. Meu carma! Ainda aprenderei a lidar com isso.

- Uma última nota de narração extra –

Não importa o quanto você, Joey, deteste uma Jen. Ela sempre te detestará mais. A diferença é que como toda Joey, você tem um motivo. Jens não. Mas, no final, você descobrirá que as Jens estavam com a razão, você que era incapaz de enxergar.

Um comentário:

  1. Estou gostando bastante do texto ^^ A história promete! Estou curiosa pela continuação!
    Só não entendi porque os nomes são americanizados... com certeza, eu iria gostar mais de nomes brasileiros =D Não precisava ser Pedro e Joana... mas Jack e Joey, não são nomes utilizados por aqui...

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